Mulheres guerreiras: as mitológicas Amazonas realmente existiram?
Mencionadas repetidas vezes pelos gregos antigos tanto em seus registros históricos oficiais quanto em sua mitologia, as guerreiras Amazonas já eram dotadas de fama na época de Homero, por volta do oitavo século antes de Cristo. Mesmo com todas as marcas que deixaram, há poucas evidências que essas lutadoras formidáveis que inspiraram lendas antigas realmente existiram – o que não significa que não há indício nenhum.
Segundo as lendas, as Amazonas eram guerreiras de grande habilidade que viviam em comunidades exclusivamente femininas, arranjando parceiros uma vez por ano para se procriarem – e os matando após a fecundação. O mito também afirma que essas mulheres combatentes chegavam ao extremo de arrancar um dos próprios seios para se tornarem melhores arqueiras.
Uma das Amazonas mais famosas da antiguidade foi Antíope, que o herói Teseu conquistou e tomou como sua concubina durante uma invasão – o que certamente deu muito certo para o homem. Outros nomes célebres incluem Pentesileia, que se encontrou com Aquiles durante a guerra de Troia, e Myrina, rainha das guerreiras africanas.
Até no Brasil
Desde a antiguidade, o nome das Amazonas vem sendo usado para descrever as mulheres combatentes de forma geral, incluindo um grupo que supostamente viveu no grande rio que dá nome à maior floresta do Brasil. O explorador Francisco de Orellana relatou que seus homens entraram em combate com guerreiras extremamente habilidosas em um afluente do fluxo principal de água, que foi então renomeado como Rio Amazonas.
Até pouco tempo, tudo parecia indicar que as Amazonas originais haviam sido completamente inventadas pelos gregos patriarcais como uma forma de ressaltar a suposta superioridade natural dos homens. Nos mitos, as lutadoras lutavam e cavalgavam como os guerreiros machões, mas sempre acabavam sendo derrotadas por eles. Dessa forma, as lendas serviam para mostrar como mudar a “ordem natural” de dominação masculina causaria problemas.
Achado histórico
Nos início da década de 1990, os arqueólogos Renate Rolle e Jeanninne Davis-Kimball descobriram evidências que balançaram o que achávamos saber sobre as Amazonas. Durante explorações nas estepes Urais, que cercam o Mar Negro em uma região da Rússia, os estudiosos encontraram os túmulos de mulheres guerreiras que foram enterradas com suas armas – algumas até apresentavam ferimentos de combate.
Uma das covas continha os restos de uma mulher segurando um bebê em seu peito, o que não seria nada incomum se não fossem os danos nos ossos de sua mão, desgastados por puxar cordas de arcos repetidamente, e a presença de suas armas ao seu lado. Alguns dos cadáveres femininos tinham pernas arqueadas de tanto andar a cavalo e elas possuíam uma altura média de 1,68 metro, o que as tornava excepcionalmente altas para a época.
Embora muitas evidências parecessem apontar que o achado se tratava de um legítimo cemitério de Amazonas, apenas 25% dos guerreiros encontrados lá eram do sexo feminino. Por fim, os estudiosos acabaram afirmando que os corpos eram de citas, uma raça de cavaleiros nomeada pelo historiador Heródoto como descendentes da tribo mitológica mulheres lutadoras.
A descoberta finalmente representava evidências arqueológicas da existência de descendentes das Amazonas no mesmo local em que Heródoto havia afirmado que eles viveram. No entanto, a presença de cadáveres de homens e de crianças de ambos os sexos parecia contradizer o que era conhecido sobre o estilo de sociedade das mulheres combatentes.
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