A Administração de Alimentos e Remédios (FDA na sigla em inglês) deu na terça-feira o sinal verde à primeira pílula destinada a tratar a queda da libido nas mulheres. O chamado viagra feminino será produzido pelo laboratório norte-americano Sprout Pharmaceuticals com o nome de Addyi e foi elaborado especificamente para tratar o transtorno de desejo hipoativo (TDSH), uma queda do desejo sexual em mulheres pré-menopáusicas.
Outra diferença com a versão masculina é que o Addyi virá acompanhado de sérias advertências médicas –alertando especialmente contra seu uso com álcool– por conta de possíveis efeitos secundários, desde hipertensão até a perda de consciência. Os médicos que o prescreverem (não pode ser adquirido livremente nas farmácias) deverão receber treinamento específico. Além disso, deverão certificar-se de que a paciente conhece e compreende os riscos do uso desse medicamento e preencha um formulário informando de que foi avisada sobre os mesmos.Apesar de sua comparação com a famosa pílula azul, que age para ajudar os homens a ter uma ereção e tratar certas deficiências de testosterona, o viagra rosa, como também é conhecido, aumenta o desejo sexual, algo que nenhum medicamento do ramo fez até agora, para homens e mulheres. Além disso, a mulher deverá tomá-lo regularmente durante um período de tempo e não somente antes de manter relações sexuais.
“Os pacientes e os que prescreverem a pílula deverão compreender totalmente os riscos associados ao uso de Addyi antes de considerar esse tratamento”, frisou a diretora do centro de desenvolvimento e pesquisa da FDA, Janet Woodcock.
Um longo debate
A aprovação por parte da FDA do viagra feminino era algo esperado. Um grupo de especialistas já emitiu uma recomendação dando o sinal verde em junho. O anúncio, contudo, foi visto como um marco, sobretudo por grupos de pressão que acusaram o órgão federal de medicamentos de exigir mais testes para um tratamento voltado às mulheres do que os feitos para os homens.
Entre os que louvaram o anúncio da FDA destaca-se a Even The Score, uma organização que congrega 26 associações que pedem tratamento igualitário para os problemas de disfunção sexual das mulheres. Sua presidenta, Susan Scanlan, comemorou a notícia no Twitter como um “avanço para as mulheres”.
A diretora da associação de consumidores (National Consumers League), Sally Greenberg, afirmou que a decisão da FDA é “o maior avanço na saúde sexual da mulher desde a pílula anticoncepcional”, destaca o The New York Times.
Mas nem tudo foram aplausos. Alguns grupos acusam a FDA de ter cedido às pressões. Eles se opõem à aprovação de um medicamento com tantos efeitos secundários potencialmente perigosos para tratar uma condição médica com muitas questões.
“Isso não é mais do que uma mescla de política, ciência e dinheiro”, disse a psicóloga e terapeuta sexual Leonore Tiefer, que pedia a FDA que não permitisse o medicamento. “Essa não é uma droga que será tomada na hora de fazer sexo. Precisa tomá-la durante semanas e até meses antes de aparecer algum benefício”, disse à agência AP.
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